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Salvador Biedma ::: Quizá fuera volviendo




E o corpo se respira água

o sangue se madura sol

máquinas aprontadas

o riso existe

faz séculos

também o medo

não celebramos

o ar novo

a linguagem velha

e renovada.






Que é multidão,

movimento.

Um rebuliço que lateja,

a noite inalterada.

Não sei o nome

desse chiado que aparece

quando fecho os olhos.

Esse chiado

não se articula,

sempre está correndo.

Pode ouvir?

É o rio que somos.

Conhece tudo

menos aquietação.






Beijava as palavras ao dizê-las,

jogava com a boca no ar

já dada na espera

de que eu movesse alguma peça.

E me enredei em recordação

porque na casa da infância

a infância já não está,

porque cresci

com esta memória

rígida e emboscada.

E esperar não sei esperar

mas espero

que seu aroma tinja a noite.







Y el cuerpo respirase agua la sangre madurase sol máquinas preparadas la risa existe desde hace siglos el miedo también no celebramos el nuevo aire el lenguaje viejo y renovado.






Qué es multitud, movimiento. Un bullido que late, la noche inalterada. No sé el nombre del ruido que aparece cuando cierro los ojos. Ese ruido no se articula, siempre está corriendo, ¿no lo oís? Es el río que somos. Conoce todo menos la quietud.






Besabas las palabras al decirlas, jugabas en el aire con la boca ya dada esperando que yo moviese alguna pieza. Y me enredé en recuerdos porque en la casa de la infancia no está ya la infancia, porque crecí con esta memoria emboscada y rígida. Y esperar no sé esperar e igual espero que tu olor tiña la noche.



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Salvador Biedma nasceu em Buenos Aires no ano de 1979. É autor do livro de poesia "Quizá fuera volviendo" (La Gran Nilson, 2017), onde se encontram os poemas aqui traduzidos, e também das narrativas "Además, el tiempo" (Ediciones La Yunta, 2013) e "Siempre empuja todo" (Eterna Cadencia, 2018). Trabalhou com editor, jornalista, revisor, traduziu Hilda Hilst na Argentina, e esteve a cago da livraria portenha Colastiné.


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